A PAB é uma doença mental crónica e grave que se caracteriza por oscilações do humor entre dois polos (e daqui vem o termo “bipolar”): um polo “negativo”, de humor deprimido – depressão, e um polo “positivo”, com euforia e elevação do humor – mania.
Na depressão surgem sintomas como tristeza profunda, falta de energia, cansaço, apatia, falta de motivação e insónia (incapacidade para dormir). No polo oposto, na mania, temos euforia, sensação de energia inesgotável e de se ser invencível, diminuição da necessidade de dormir, envolvimento em múltiplos projectos grandiosos e gastos excessivos, pouco habituais para a pessoa. As oscilações do humor (sejam para “baixo” ou para “cima”) são independentes da vontade da pessoa e das vivências do dia-a-dia.
Tanto a depressão como a mania podem manter-se por períodos de semanas a meses, com impacto significativo na vida pessoal, familiar e profissional. Nos casos mais graves, o humor pode estar alterado ao ponto de distorcer o pensamento, com ideias irreais (delirantes) de ruína e de suicídio na depressão, e ideias delirantes megalómanas na mania.
É importante referir que os episódios de depressão e mania são intercalados por períodos mais ou menos longos (semanas, meses ou anos) de estabilidade, com o nível de humor normal (estado de “eutimia”, como dizem os psiquiatras).
Apesar de crónica e grave, existem tratamentos eficazes para a doença bipolar e que permitem regular o nível do humor, de forma a evitar que se resvale para uma depressão ou que se seja projectado numa espiral de euforia. Quando feitos adequadamente, os tratamentos psiquiátricos disponíveis permitem prolongar os períodos de eutimia e estabilidade o máximo possível, permitindo à pessoa viver uma vida plena, com todas as suas aspirações e concretizações.
A doença bipolar, com os seus fundos depressivos e os seus picos de mania, traz consigo um imenso potencial de disfuncionalidade e sofrimento. Contudo, o tratamento existe, é acessível e permite manter uma vida saudável e realizada. O primeiro passo nessa direcção é, pois, procurar ajuda profissional.
Escrito pelo Dr. Daniel Machado | Psiquiatra | Polidiagnóstico de Leiria
(O artigo não obedece ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde o dia 1 de Janeiro de 2009)